Guaraná: o tesouro amazônico com propriedades medicinais e história de colheita e processamento tradicionais

Marcos Oliveira
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Guaraná fruto
 

    Lá por 1664, o Padre Felipe Bettendorf mergulhou de cabeça nos mistérios da Amazônia e acabou por se deparar com o guaraná. Ele viu os Andirazes, nativos da região, que tratavam a fruta com um carinho todo especial, secando-a e moldando-a em bolas, como se fossem tesouros tão valiosos quanto o ouro para os europeus. Eles descobriram que, ao moer essa fruta e misturá-la com água, ganhavam uma energia incrível, capaz de mantê-los na caçada sem sentir fome por um dia inteirinho, além de ser um alívio para febres, cãibras e dores que teimavam em incomodar.

    Paul Le Cointe, um químico de renome, também se encantou com o guaraná. Para ele, essa fruta era mais do que especial: refrescante, rejuvenescedora, um verdadeiro bálsamo para o coração, e ainda por cima, lutava contra males como arteriosclerose, diarreia, disenteria, nevralgia e enxaqueca. Sem contar que, segundo ele, o guaraná tinha um quê de estimulante e até afrodisíaco.

    Falando do guaranazeiro, esse arbusto cheio de segredos, ele pode ser um tanto quanto ereto ou mais espalhado, com uma copa que se estende entre 9 e 12 metros quadrados. Existem duas variações principais: a Paullinia Cupana H. B. K. típica, que se encontra nas bacias do Alto Orinoco e Alto Rio Negro, e a Paullinia Cupana var. sorbilis, que é do lar nos municípios de Maués e Parintins, e que recentemente começou a dar as caras em outros cantos.

    A safra do guaraná é um acontecimento entre outubro e janeiro, quando os frutos estão no ponto. São colhidos à mão e seguem para um processo cheio de etapas: fermentação para amolecer a casca, despolpamento, uma lavagem caprichada para separar as sementes da casca, torrefação em fornos de todo tipo, descascar as sementes, moer em pilões ou máquinas, transformar em bastões de guaraná e, para finalizar, uma defumação em um "fumeiro" por uns 45 dias, só para garantir aquele gostinho e qualidade únicos do guaraná.


Fonte: GUARANÁ. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.

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